O IMPACTO DE EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS SOBRE A ORGANIZAÇÃO E DINÂMICA PRODUTIVA DA AGRICULTURA FAMILIAR: ESTUDO DE CASO DO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO/SP

Helena Lelli Riga

(Mestranda do Programa de Pós Graduação Interunidades em Ecologia Aplicada)

Resumo do projeto de pesquisa

Visto que as mudanças climáticas têm se intensificado e gerado cada vez mais desafios a serem enfrentados cotidianamente, este projeto de pesquisa tem como principal objetivo analisar os impactos de eventos climáticos extremos sobre a dinâmica produtiva da agricultura familiar. Para tal fim, a pesquisa propõe um estudo de caso sobre as precipitações extremas que atingiram o município de São Sebastião, localizado no Litoral Norte de São Paulo, em fevereiro de 2023, buscando compreender os desafios enfrentados pelos agricultores da região diante os efeitos das mudanças climáticas. A metodologia de pesquisa a ser adotada será baseada em uma abordagem qualitativa, a coleta de dados será baseada em entrevistas semiestruturadas e observações diretas realizadas com agricultores familiares de São Sebastião. A análise dos dados, por sua vez, será fundamentada na teoria das justificações e norteada por uma abordagem multidimensional que considerará a relação entre mudanças climáticas, vulnerabilidade social e os tipos de uso do solo estabelecidos pelos agricultores familiares da região. Com isso, a pesquisa pretende identificar os desdobramentos que evidenciam a injustiça ecológica à qual as populações estão submetidas, além de proporcionar reflexões e criar dialogicamente estratégias de adaptação pautadas em princípios da agroecologia, capazes de contribuir com a resiliência e a sustentabilidade da agricultura familiar diante de eventos climáticos extremos.

Sistemas agroflorestais no estado de São Paulo: levantamento, análises e articulação dos dispositivos de políticas públicas orientadas ao desenvolvimento rural sustentável

Laila Vera Fett de Oliveira

(Mestranda do Programa de Pós Graduação Interunidades em Ecologia Aplicada)

Resumo do projeto de pesquisa

O projeto de pesquisa de mestrado tem o objetivo de realizar um levantamento e análise dos dispositivos de políticas públicas direcionadas ao desenvolvimento rural sustentável no estado de São Paulo, em especial aqueles relacionados aos Sistemas Agroflorestais, bem como ao beneficiamento, processamento e comercialização de seus produtos. Os municípios de maior interesse são aqueles onde encontram-se assentamentos federais de reforma agrária beneficiados com ações do Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável (PDRS), entre eles: Americana, Cosmópolis, Iperó, Guarantã, Itapetininga, Promissão, Serrana, Ribeirão Preto, Presidente Epitácio, Araçatuba, Sete Barras, Getulina, Pedro de Toledo e Mogi Mirim. Análise documental com abordagens quali e quantitativas serão empregadas. Entrevistas semiestruturadas e observação participante serão realizadas juntos às lideranças locais responsáveis pela gestão das cooperativas e associações beneficiadas.

A territorialização da agroecologia e fortalecimento da autonomia comunitária: Experiências e aprendizados na construção com movimentos populares

Bruno Fernandes

(Doutorando do Programa de Pós Graduação Interunidades em Ecologia Aplicada)

Resumo do projeto de pesquisa

A crise socioambiental e climática atingiu patamares dramáticos nas últimas décadas: os eventos extremos e demais tragédias socioambientais evidenciaram que estamos vivendo um período de emergência. Neste contexto, a agroecologia emerge enquanto esperança para o enfrentamento da fome, da pobreza extrema e das mudanças climáticas. Mais do que técnicas sustentáveis de produção, a agroecologia representa uma perspectiva de promoção da participação popular e de diálogo de saberes, entre os conhecimentos científicos e populares, traduzindo-se na construção de agroecossistemas produtivos e sustentáveis. Pensar a construção de comunidades agroecológicas demanda olhar para além dos sistemas produtivos e econômicos: é preciso compreender os modos de vida e pensar na soberania e autonomia alimentares. Para tal perspectiva, conceitos como a participação, pertencimento, diálogo e cooperação são importantes na construção dos processos educadores ambientalistas e populares. A presente pesquisa objetiva realizar uma “pesquisa intervenção” de caráter multirreferencial com vistas à territorialização da agroecologia e ao fortalecimento da autonomia comunitária e soberania alimentar. O território de atuação é aquele ocupado por movimentos populares atuantes no município de Piracicaba/SP, tendo destaque para o movimento “To aqui”, vinculado à Casa do Hip Hop, realizando um processo in loco de participação no planejamento e realização de suas atividades. A pesquisa visa desenvolver análises sobre o processo de construção territorial da agroecologia e sua contribuição na formação de autonomia comunitária. Serão avaliadas técnicas participativas nas atividades educativas e coleta de dados, dialogando com a hipótese e os objetivos propostos, bem como com as análises dos dados, tendo olhar para a conjuntura, as categorias propostas, os fatos e as distintas narrativas emergidas no processo.

A formação do (a) extensionista rural, sob a perspectiva da Lei de ATER (Nº 12.188/2010), nos cursos de ciências agrárias da ESALQ/USP

Luciana Maria de Lima Leme

(Doutoranda do Programa de Pós Graduação Interunidades em Ecologia Aplicada)

Resumo do projeto de pesquisa

A pesquisa tem o objetivo de analisar a formação acadêmica dos futuros agentes de assistência técnica e extensão rural (ATER), alinhada aos princípios da Lei de ATER nº 12.188/2010. Investigam-se os cursos de graduação em Ciências Agrárias da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP): quais os fatores de apoio nos respectivos currículos que potencializam ciclos socioeducativos virtuosos para uma formação acadêmica interdisciplinar, integradora de conhecimentos, complexa, sistêmica e holística?; quais os fatores restritivos nos respectivos currículos que tornam vulneráveis os princípios da Lei e potencializam a construção de currículos acadêmicos produtivistas e elitistas? A hipótese básica é que a cultura institucional da ESALQ, pautada pela sua própria história e atrelada àquela da fundação da Universidade de São Paulo (USP), influencia a construção de uma estrutura curricular com forte fundamentação produtivista e elitista, propiciando um viés formativo para os futuros agentes da assistência técnica e extensão rural, que poderão atuar tanto na área pública como no particular. A presente investigação configura-se sob um processo metodológico idiossincrático entre a pesquisa bibliográfica (Gil et al, 2018) e a técnica associada à etnografia, a análise documental, investigando-se os elementos de capital cultural inerentes ao contexto político, social e histórico fundacional da Universidade de São Paulo e da ESALQ que poderiam influenciar formas específicas de conhecimento na construção dos respectivos currículos.

Novas agriculturas para uma nova realidade: transformações dos conflitos sociais do campo paulista em resposta à emergência climática global

José Caio Quadrado Alves

(Doutorando do Programa de Pós Graduação Interunidades em Ecologia Aplicada)

Resumo do projeto de pesquisa

A proposta consiste em analisar as novas perspectivas de ordenamento social e político presentes em conflitos sociais do campo paulista na atualidade, resultado da emergência de valores associados à urgência climática global. Quais são as estratégias do movimento social de confrontação dos riscos climáticos, assim como de denúncia do modo de produção da agricultura convencional, e em que medida favorecem tornar evidente múltiplas funcionalidades da agricultura familiar agroecológica? Estão previstos dois estudos de caso, no Assentamento Mário Lago, categorizado como Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), em Ribeirão Preto/SP, e no acampamento Marielle Vive, ocupação de proposta agroecológica localizada em Valinhos/S, ambos coordenados pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Apoiada sobre a sociologia das justificações com implemento de técnicas etnográficas, a metodologia consiste em: acompanhar, por meio da observação participante, o cotidiano das atividades agroecológicas no assentamento; recolher quantidade substancial de relatos através de entrevistas relato de vida e; por fim, realizar levantamento de documentos oficiais pertinentes. Será efetuada análise minuciosa dos dados em torno das trajetórias e motivações dos atores, notadamente com o propósito de discutir a construção de justificativas de ações, iluminando em particular aquelas que mobilizam referências de justiça de ordem ecológica. A análise comparativa entre os casos permitirá o comparativo das diferentes estratégias no processo de construção e/ou mobilização de provas de veracidade dos argumentos de ordem ecológica em contextos distintos. Trata-se então de discutir a opção agroecológica como forma de atuação do MST em consonância com as pautas ambientais de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.