Projetos e reivindicações quilombolas: a comunidade do Mandira em Cananéia/SP

Trabalho submetido para o Simpósio “Reforma Agrária e questões rurais”
do Nupedor (Uniara) 2012*

Andrea Yumi Sugishita Kanikadan

Paulo Eduardo Moruzzi Marques

Rafael José Navas

Resumo

Nossa abordagem consiste em discutir os significados renovados atribuídos ao papel quilombola, na comunidade do Mandira, localizada no município de Cananeia-SP, em grande medida alimentados pelos valores difundidos a partir do debate sobre a sustentabilidade. A exemplo das pesquisas efetuadas no Vale do Ribeira/SP entre 2007 e 2011 com apoio da FAPESP, os relatos aqui apresentados pretendem dar continuidade ao debate iniciado nestas pesquisas. Os projetos de desenvolvimento elaborados em torno de remanescentes de quilombo oferecem elementos nítidos para a reflexão sobre uma ressignificação dos papéis atribuídos às comunidades quilombolas. Tratase de uma releitura de seu modo de vida, com acentuada valorização de seus papéis sociais, ambientais e culturais, favorecendo seu reconhecimento social. Com efeito, as comunidades quilombolas entraram na agenda dessa discussão a partir do debate ambientalista internacional sobre a presença de grupos humanos em áreas de conservação ambiental. Dada a relativa proximidade aos centros urbanos, essas comunidades tem sido protagonistas nos conflitos de interesses, envolvendo preservação ambiental, promoção socioeconômica de comunidades locais e os interesses de grandes empresas do setor agrícola, industrial, imobiliário e/ou turísticos. De certa maneira, nota-se uma transformação do olhar dos próprios quilombolas sobre seu estilo de vida, fortalecendo seus meios de luta e sua participação ativa na sociedade. Assim, o artigo veicula uma análise de espaços públicos nos quais os projetos e reivindicações quilombolas circulam, bem como um exame dos conflitos locais entre perspectivas de desenvolvimento.

Palavras-chave: Quilombolas, reconhecimento social, desenvolvimento sustentável, multifuncionalidade da agricultura

* Este artigo é parte de reflexões realizadas no âmbito do projeto de pesquisa “Projetos de desenvolvimento local em Paraty e Vale do Ribeira: impactos no bem estar e na conservação de comunidades quilombolas”, financiado pela FAPESP: processo no. 2010/05115-2.

 

Ler o texto completo